Baltazar da Silva Castro |
Já se perguntou alguma vez porque é que gosta disto ou daquilo? Porque é que escolheu seguir determinado caminho na sua vida?
-"O que é que queres ser?", perguntavam-me em pequeno, e eu respondia: -"Arquiteto!" Mas saber desenhar não me bastava, também gostava de História, fascinavam-me os edifícios antigos... Enveredei pela última opção, o Património!
-"O que é que queres ser?", perguntavam-me em pequeno, e eu respondia: -"Arquiteto!" Mas saber desenhar não me bastava, também gostava de História, fascinavam-me os edifícios antigos... Enveredei pela última opção, o Património!
Desde há muito tempo que tenho muitas perguntas na minha cabeça para as quais ainda não tinha obtido resposta! Os gostos, as preferências, as aptidões serão genéticas, ou meramente resultantes das nossas vivências?
As minhas dúvidas dissiparam-se um pouco quando descobri este homem...
Baltazar na igreja do Mosteiro de Paço de Sousa, em Penafiel, durante as obras de restauro dirigidas por ele. Fonte: www.monumentos.pt |
Mas, vamos recuar ainda mais no tempo...
Corria o ano de 1891, quando a 1 de maio, no lugar de Baloutas, em Painzela, Cabeceiras de Basto, nasceu Baltazar, filho dos meus tios-trisavós José Joaquim da Silva Castro e Ana da Silva Ramalho.
Baltazar da Silva Castro. Séc. XX, anos 10. |
Como filho mais novo, os seus pais quiseram lhe dar a melhor das educações. O seu pai, pessoa culta e viajada, negociante no Rio de Janeiro, deve ter sido certamente uma boa influência na sua escolha profissional. O seu gosto pelas Belas Artes levou-o a ingressar em 1914 no curso de Arquitetura.
Mariana Amélia de Abreu e Baltazar da Silva Castro. Séc. XX, anos 20. |
A 23 de Maio de 1918 casam no Porto. Mariana irá acompanhá-lo sempre, até ao final dos seus dias.
Mas é ainda durante os estudos que começa a traçar o seu caminho pelo mundo das obras públicas, que o irá conduzir ao seu "cavalo de batalha", o restauro do Património Arquitetónico português.
Em 1927 Baltazar de Castro, nome que adotou, é nomeado arquiteto da 3.ª Repartição de Monumentos e Palácios, Secção Norte, da Direção-Geral de Belas Artes. Mas é em 1929 que é transferido para a Direção dos Monumentos do Norte, pertencente à recém-criada Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais - DGEMN, ocupando 1 ano depois o cargo de diretor dos Monumentos do Norte.
É partir daí que inicia o seu contributo para o restauro dos nossos "tesouros nacionais". Igrejas, mosteiros, capelas, palácios, castelos... Quase todos os restauros tiveram a mão de Baltazar de Castro, principalmente os de origem medieval e quinhentista, seguindo a política de então, em que o Estado Novo privilegiava as "glórias" do passado de Portugal, ou seja, a época áurea do período da Fundação e dos Descobrimentos.
O aspeto destes "tesouros" do Património português, tal como hoje os conhecemos, deve-se em grande parte aos restauros feitos desde os anos 20 a 50, dirigidos por Baltazar de Castro, que levou à "recriação" do aspeto que se pensaria original e primitivo, politica em voga na época do Estado Novo, que foi beber aos ensinamentos revivalistas do arquiteto francês Viollet-le-Duc.
Em 1927 Baltazar de Castro, nome que adotou, é nomeado arquiteto da 3.ª Repartição de Monumentos e Palácios, Secção Norte, da Direção-Geral de Belas Artes. Mas é em 1929 que é transferido para a Direção dos Monumentos do Norte, pertencente à recém-criada Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais - DGEMN, ocupando 1 ano depois o cargo de diretor dos Monumentos do Norte.
Baltazar da Silva Castro no Funchal, Madeira. Fonte: www.monumentos.pt |
O aspeto destes "tesouros" do Património português, tal como hoje os conhecemos, deve-se em grande parte aos restauros feitos desde os anos 20 a 50, dirigidos por Baltazar de Castro, que levou à "recriação" do aspeto que se pensaria original e primitivo, politica em voga na época do Estado Novo, que foi beber aos ensinamentos revivalistas do arquiteto francês Viollet-le-Duc.
A área geográfica destes monumentos abrange quase todo o território nacional, com especial destaque para o Norte de Portugal Continental, a Madeira e os antigos territórios do Ultramar. São muitos os exemplos de restauros dirigidos por ele, nomeadamente: a Sé de Braga, Vila Real, Viseu e Sé Velha de Coimbra, Paço dos Duques e Castelo de Guimarães, Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, também em Guimarães, Domus Municipalis e Castelo de Bragança, Igreja de Cête, Mosteiro de Travanca, Biblioteca da Universidade de Coimbra, Mosteiro da Batalha... e muitos mais!
Mariana e Baltazar em Pangim, Índia. Anos 50. |
Em 1948 é nomeado arquiteto diretor da Direção dos Serviços de Monumentos Nacionais da DGEMN e arquiteto inspetor do Conselho das Obras Públicas.
Apaixonado pela arquitetura portuguesa Além-Mar partiu em missão durante vários meses para Moçambique, Angola e a então Índia Portuguesa.
Em 1927 foi condecorado com o grau de Oficial de Santiago da Espada, pelos serviços prestados no restauro dos monumentos nacionais. Em 1942 é condecorado pelo Presidente da República, Comendador da mesma ordem.
Pormenor do diploma de Oficial de Santiago da Espada com a assinatura do Presidente da República de então, Óscar Carmona. |
Mas, Baltazar não dedicou a sua vida só ao trabalho, apesar da sua frenética atividade, esteve sempre ao lado da sua família, dos seus três filhos, Celestino, Baltazar e Mariano, do seu "filho do coração" António, e dos seus muitos netos.
Os filhos, Baltazar, Mariano e Celestino, este último também arquiteto. |
Baltazar e sua mãe. Painzela, Cabeceiras de Basto, anos 40. |
O Comendador Baltazar da Silva Castro, figura cimeira da história do restauro do Património Arquitetónico português, morreu a 10 de outubro de 1967, na sua quinta, em Oliveira, Póvoa de Lanhoso.
Pois é, afinal os nossos gostos e aptidões podem ter raízes no Passado! Mera coincidência, talvez sim, ou talvez não! Eu prefiro acreditar que nós não somos só aquilo que a sociedade nos torna, mas também aquilo que carregamos nos genes, o que nos "corre nas veias".
Por isso, digo, é fundamental conhecer e descobrir o Passado, para compreendermos o nosso Presente...
Baltazar com a sua mulher, filho, noras, netos e o seu cão, na sua quinta em Oliveira, Póvoa de Lanhoso. Anos 60. |
Links: Biografia Baltazar da Silva Castro